INSTALAÇÃO A.M.F. DIA 22 DE NOVEMBRO 2007
Meus colegas acadêmicos da AMF me incumbiram de proferir o discurso de abertura dos trabalhos da AMF não por ser eu o mais apto ou o melhor orador, pois julgo que a AMF estaria melhor representada neste momento por outro acadêmico. Aceitei o convite e me sinto honrado.
Inicialmente creio ser necessário fazermos uma breve reflexão.
Diante das maravilhas do mundo, das belezas e dos desafios da natureza e da vida, diante de tudo o que aparecia aos olhos e demais sentidos, o homem começa a questionar-se, a procurar respostas. Surgem explicações fantasiosas do mundo, que são expressas em narrativas fabulosas. Deuses, forças da natureza, semideuses, heróis. Nascia a Mitologia.
Os gregos cultivaram uma série de deuses como: Zeus, Hera, Ares, Atena. Uma série de heróis ou semideuses, como: Teseu, Hercules, Perseu.
O relato de suas vidas, o envolvimento com os homens constituíram um conjunto de lendas e crenças que, por princípios simbólicos, forneceram explicações para a realidade universal.
Mas não só para os gregos estes relatos existiram, todos os povos, inclusive nos índios aqui do Paraná utilizaram lendas e mitos.
Diante das maravilhas da Foz do Iguaçu os caingangues criaram o mito ou lenda de Foz do Iguaçu: "o mundo era governado por Mboi, deus que tinha a forma de serpente, filho de Tupã. A ele devia ser consagrada Naipi, filha do cacique Igobi. Mas ela apaixona-se por Tarobá e com ele a bela Naipi foge. Quando Mboi soube da fuga, furioso penetra na entranhas da terra e retorcendo o corpo, produziu uma enorme fenda, que formou as cataratas do Iguaçu”. Fica assim explicada a origem daquela maravilha.
Pelo exposto o mito tem um conteúdo explicativo que na realidade não quer convencer, acredita-se nele ou não. É um ato de fé. Pode parecer belo ou verossímil se quiser acreditar.
Ao contrário do mito, o saber filosófico procura explicar o mundo por princípios racionais.
A filosofia preocupa-se com o desenvolvimento de raciocínios lógicos, tendo como finalidade desvendar ou desvelar as relações de causas e efeitos entre as coisas. Neste sentido o saber filosófico diferencia-se do mito.
Aliás, o termo filosofia, etimologicamente grego: filo, traduz a idéia de amor + sofia, sabedoria, portanto amor à sabedoria. Palavra atribuída a Pitágoras que ao ser perguntado sobre sua sabedoria, respondeu: sou apenas um filósofo. Em outras palavras: não tenho a posse da sabedoria, sou um amante do saber.
Mas como tudo neste mundo muda, ou se transforma, o próprio termo filosofia acabou tendo um sentido de um tipo de saber: o que nasce do uso metódico da razão, da busca do conhecimento através da investigação metodológica racional.
Na Grécia antiga o conhecimento em sua totalidade era o saber filosófico. Matemática, astronomia, física, biologia, lógica, ética, política, pertenciam ao universo do saber filosófico.
Na idade média, fugia deste universo de saber, apenas a teologia.
Na idade moderna, com o surgimento de especializações as ciências citadas anteriormente conquistaram autonomia e se acrescentou a elas a antropologia, psicologia, sociologia e outras.
Hoje, resta a Filosofia, numa resposta simples “a busca da compreensão profunda de todos os seres, o trabalho de reflexão sobre os conhecimentos desenvolvidos por todas as ciências, a procura de respostas à finalidade, ao sentido e o valor da vida e do mundo". Mais especificamente à filosofia pertencem temas como: teoria do conhecimento, fundamentos do saber científico, lógica, política, ética, estética, pedagogia ou educação. Isto significa que ainda a temática abrangida pela filosofia é imensa.
Mas o importante não é apenas pensar o mundo, mas procurar transformá-lo. Por isso, para o filosofo que pergunta e pergunta por que não sabe e precisa saber o que é o mundo em que se encontra e no qual deve viver. E para viver e conviver precisa saber, o essencial é perguntar.
"Na origem, na raiz da pergunta encontramos, portanto, a ruptura, a cisão, a contradição. Não sei, preciso saber e porque sei que não sei, pergunto, na expectativa de que a resposta possa trazer-me o conhecimento que não tenho e preciso ter". (Roland Corbisier, Introdução a Filosofia, Civilização Brasileira p.127).
Isso é filosofia. Isso é o que a AMF visa e quer. E a partir de hoje fará: perguntar e busca respostas, só que agora em conjunto. Em conjunta procurará aprender a perguntar, já que particularmente cada um dos acadêmicos sabe. Em conjunto procurará as respostas, cada um com sua linha filosófica. Com certeza todos nós já aprendemos que cada vez mais nos aperfeiçoamos e crescemos intelectualmente quando mais dividimos perguntas e Somamos respostas.
Sabemos também que a filosofia pode nos dar facilmente: verbas, diplomas, honrarias, prestigio, mas o essencial: o espírito crítico é com muito trabalho e dedicação que se consegue.
E assim nós respondemos o porquê se criar uma Academia de Filosofia. Para mim, pessoalmente, essa é a resposta.
Obrigado.
Meus colegas acadêmicos da AMF me incumbiram de proferir o discurso de abertura dos trabalhos da AMF não por ser eu o mais apto ou o melhor orador, pois julgo que a AMF estaria melhor representada neste momento por outro acadêmico. Aceitei o convite e me sinto honrado.
Inicialmente creio ser necessário fazermos uma breve reflexão.
Diante das maravilhas do mundo, das belezas e dos desafios da natureza e da vida, diante de tudo o que aparecia aos olhos e demais sentidos, o homem começa a questionar-se, a procurar respostas. Surgem explicações fantasiosas do mundo, que são expressas em narrativas fabulosas. Deuses, forças da natureza, semideuses, heróis. Nascia a Mitologia.
Os gregos cultivaram uma série de deuses como: Zeus, Hera, Ares, Atena. Uma série de heróis ou semideuses, como: Teseu, Hercules, Perseu.
O relato de suas vidas, o envolvimento com os homens constituíram um conjunto de lendas e crenças que, por princípios simbólicos, forneceram explicações para a realidade universal.
Mas não só para os gregos estes relatos existiram, todos os povos, inclusive nos índios aqui do Paraná utilizaram lendas e mitos.
Diante das maravilhas da Foz do Iguaçu os caingangues criaram o mito ou lenda de Foz do Iguaçu: "o mundo era governado por Mboi, deus que tinha a forma de serpente, filho de Tupã. A ele devia ser consagrada Naipi, filha do cacique Igobi. Mas ela apaixona-se por Tarobá e com ele a bela Naipi foge. Quando Mboi soube da fuga, furioso penetra na entranhas da terra e retorcendo o corpo, produziu uma enorme fenda, que formou as cataratas do Iguaçu”. Fica assim explicada a origem daquela maravilha.
Pelo exposto o mito tem um conteúdo explicativo que na realidade não quer convencer, acredita-se nele ou não. É um ato de fé. Pode parecer belo ou verossímil se quiser acreditar.
Ao contrário do mito, o saber filosófico procura explicar o mundo por princípios racionais.
A filosofia preocupa-se com o desenvolvimento de raciocínios lógicos, tendo como finalidade desvendar ou desvelar as relações de causas e efeitos entre as coisas. Neste sentido o saber filosófico diferencia-se do mito.
Aliás, o termo filosofia, etimologicamente grego: filo, traduz a idéia de amor + sofia, sabedoria, portanto amor à sabedoria. Palavra atribuída a Pitágoras que ao ser perguntado sobre sua sabedoria, respondeu: sou apenas um filósofo. Em outras palavras: não tenho a posse da sabedoria, sou um amante do saber.
Mas como tudo neste mundo muda, ou se transforma, o próprio termo filosofia acabou tendo um sentido de um tipo de saber: o que nasce do uso metódico da razão, da busca do conhecimento através da investigação metodológica racional.
Na Grécia antiga o conhecimento em sua totalidade era o saber filosófico. Matemática, astronomia, física, biologia, lógica, ética, política, pertenciam ao universo do saber filosófico.
Na idade média, fugia deste universo de saber, apenas a teologia.
Na idade moderna, com o surgimento de especializações as ciências citadas anteriormente conquistaram autonomia e se acrescentou a elas a antropologia, psicologia, sociologia e outras.
Hoje, resta a Filosofia, numa resposta simples “a busca da compreensão profunda de todos os seres, o trabalho de reflexão sobre os conhecimentos desenvolvidos por todas as ciências, a procura de respostas à finalidade, ao sentido e o valor da vida e do mundo". Mais especificamente à filosofia pertencem temas como: teoria do conhecimento, fundamentos do saber científico, lógica, política, ética, estética, pedagogia ou educação. Isto significa que ainda a temática abrangida pela filosofia é imensa.
Mas o importante não é apenas pensar o mundo, mas procurar transformá-lo. Por isso, para o filosofo que pergunta e pergunta por que não sabe e precisa saber o que é o mundo em que se encontra e no qual deve viver. E para viver e conviver precisa saber, o essencial é perguntar.
"Na origem, na raiz da pergunta encontramos, portanto, a ruptura, a cisão, a contradição. Não sei, preciso saber e porque sei que não sei, pergunto, na expectativa de que a resposta possa trazer-me o conhecimento que não tenho e preciso ter". (Roland Corbisier, Introdução a Filosofia, Civilização Brasileira p.127).
Isso é filosofia. Isso é o que a AMF visa e quer. E a partir de hoje fará: perguntar e busca respostas, só que agora em conjunto. Em conjunta procurará aprender a perguntar, já que particularmente cada um dos acadêmicos sabe. Em conjunto procurará as respostas, cada um com sua linha filosófica. Com certeza todos nós já aprendemos que cada vez mais nos aperfeiçoamos e crescemos intelectualmente quando mais dividimos perguntas e Somamos respostas.
Sabemos também que a filosofia pode nos dar facilmente: verbas, diplomas, honrarias, prestigio, mas o essencial: o espírito crítico é com muito trabalho e dedicação que se consegue.
E assim nós respondemos o porquê se criar uma Academia de Filosofia. Para mim, pessoalmente, essa é a resposta.
Obrigado.
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