quarta-feira, 7 de maio de 2008

JOHN DEWEY, Um Filósofo Educador

Prof. José Carlos Paraguaio

O planeta em que vivemos é de uma origem e beleza inexplicável, porém discutível, a diversidade existente, entre elas, a presença humana, é apresentada pela biologia que demonstra o privilégio dos seres vivos que o habita, classificando os animais em racionais e irracionais. A responsabilidade de promover o conhecimento e melhorar as condições de sobrevivência cabe ao ser humano através do uso da razão. Para que possamos entender melhor o meio em que vivemos, fundamenta-se na contribuição de Eduardo Prado de Mendonça:
“O homem é um animal racional, ele não pode agir sem usar sua razão, e, quando ele não o faz de forma consciente e filosófica, ele o faz irrefletidamente e como diletante.”
(1984:14).
O homem por ser, um ser pensante deve sempre estar em busca da verdade, indicando a verdade revelada ou na filosofia que nos induz ao conhecimento que mais se aproxima da verdade, por isso, o desenvolvimento intelectual passa por um processo de educação desde os mais primitivos dos homens até os dias atuais.
A educação é um processo irreversível na comunidade humana, para proporcionar na comunidade humana, para proporcionar uma condição de relacionamento e compreensão entre os povos, no entender de Luzuriaga:

E a influência intencional e sistemático sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre as gerações jovens com o fim de conservar e transmitir a existência coletiva.
(1971:1).

Nesse sentido, sem deixar perder sua herança cultural, o ser humano vais se desenvolvendo e integrando aos novos comportamentos culturais e sociais que a sociedade lhe apresenta.
Não poderia deixar de registrar o mais ilustre discípulo de Dewey em território brasileiro, o educador Anísio Spínola Teixeira, um dos mais importantes idealizadores da escola nova, não de um pragmaticismo, mas de pum pragmatismo reflexivo, que contribui no processo da educação brasileira, conceituando a “educação como reconstrução da experiência”, afirmando que todos os seres humanos trazem consigo experiências que vão ajudando no seu desenvolvimento, desta feita:

O universo é um conjunto infinito de elementos, que se relacionam de maneira a mais diversa possível, A multiplicidade e variedade dessas relações o fazem essencialmente precário, instável, e o obrigam a perpétua transformação. ( Teixeira in Dewey: 13)

Com este breve relato, entendemos a precariedade do homem no mundo, e nesse mesmo mundo em constante e necessária evolução, a importância de um dinâmico esforço do próprio homem para enfrentar os fenômenos do mundo moderno, democrático e científico, é o elemento configurado no pensamento de John Dewey.

JOHN DEWEY, 1859 -1952 – EUA.
Ingressa na Universidade em 1875, gradua-se em 1879, trabalha três anos como professor secundário, 1884 obtém o título de doutor em Filosofia pela Universidade John Hopkins, de Baltimore, e é contratado como professor na Universidade de Michigan, tornando-se diretor do departamento de Filosofia. É querido pelos alunos com a característica, mostrando ser cortês na aula, evitando impor-lhes seus próprios pontos de vista.
John Dewey formou-se filósofo, porém, suas idéias educativas estavam relacionadas ao pragmatismo, como filósofo não se pode dispensar as reflexõess filosóficas e educativas, e no lado pedagógico a valorização da vertente filosófica, nesse encontro de conhecimentos leva-se em conta o compromisso político, pois para Dewey, filosofia e educação não podem ser vistas desligadas uma da outra.
A filosofia instrumentaliza para a interpretação dos conflitos sociais e a educação comprova as hipóteses por ela levantadas. Para Dewey, o homem nasce desprovido de conhecimentos, conforme vai adquirindo experiências vai aprendendo a ser homem, através do acúmulo dessa experiência e o desenvolvimento de seu intelecto, a educação promove o entendimento e significados dos elementos a sua volta, criando uma relação de reciprocidade entre os indivíduos que o rodeiam. Em seu crescimento e desenvolvimento contínuo e sua relação natural com as experiências humanas é que se orientam as práticas educativas democráticas, que segundo Beltrán:

“Dewey, não entendia a democracia – e nisso reside sua contribuição original – como regime de governo, mas como forma de vida e um processo permanente de liberação da inteligência.” ( 2003:49).

Isso reafirma que a ação humana deve fundamentar-se no princípio da razão, pensamento coletivo, nossa inteligência é constituída de forma a desenvolver-se continuamente, concretizando através das interações sociais no meio em que estamos inseridos. O homem é um ser político, como homem está sempre a educar-se, portanto, educação é uma ação política, por isso, para Dewey:
“A democracia é o nome desse processo permanente de libertação da inteligência. A construção da democracia só pode ser conseguida a partir da educação e, portanto, é necessário que os sistemas educacionais sejam também democráticos”.
(2003:51).

Vida e educação, educação e vida, é a única ação conjunta que deve submeter-se sempre a um controle reflexivo, sem isso, será mera reprodução dos sistemas existentes das classes sociais dominantes. Entretanto, a educação funcional e intencional, como exposto anteriormente, sendo que a responsabilidade deverá ser atribuídas ás instituições escolares assegurando os princípios democráticos, possibilitando a integração das comunidades num processo contínuo de reconstrução social.
Á Escola cabe proporcionar um ambiente particular para realizar experiências da vida social, confrontando a individualidade com conteúdos específicos escolares, sendo os professores formados para a iniciativa intelectual, a discussão e a capacidade de decisão, quebrando assim conceitos pré-estabelecidos Para Dewey:

“A escola não é uma preparação para a vida, senão que é a própria vida, depurada; na escola o aluno tem que aprender a viver.” (Luzuriaga, 1971:249).
Assim, a escola deve ensinar o conceito de liberdade, que o aluno aprenda a viver num processo contínuo da valorização de si e do outro, ou seja, valorização da vida humana.

REFERÊNCIAS

- DEWEY, John. Vida e educação, tradução e estudo preliminar por Anísio S. Teixeira. 10ª ed. SP. Melhoramentos.

-LUZURIAGA Y MEDINA, Lorenzo, 1889 – 1959. História da educação e pedagogia. Nova tradução de Luiz Damasco Penna e J. B. Damasco Penna, 5ª ed. SP. Nacional,
( 1971).

- PEDAGOGIAS DO SEC. XX – organizado por Jaume Carbonell Sebarroja ... (et.al) trad. Fátima Murad. Porto alegre: Artmed, 2003.

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